segunda-feira, 2 de novembro de 2009

PROBLEMAS, TEORIAS E CRÍTICAS


PROBLEMAS, TEORIAS E CRÍTICAS

A humanidade ocidental contemporânea de um modo geral, sob o aspecto filosófico ainda esta influenciada pelas idéias da teoria de Bacon, em resumo, que substituiu “o determinismo teológico pelo determinismo ciêntífico” (POPPER 1999 p.110). Considerando que as conclusões precipitadas, promoveram especulações teorizantes, criando, o que poderíamos chamar de “método das antecipações da mente - preconceitos”. Francis Bacon, considerado o profeta da religião secularizada da ciência, desenvolveu o observacionismo, a partir da especulação empírica da Natureza, contra o pensamento teórico científico. Apoiado pelo dogma da “observação e especulação teorizante”, catequiza idéias de que “devemos purificar as nossas mentes de todos os preconceitos, de todas as idéias pré-concebidas, de todas as teorias – de todas essas supertições, ou “ídolos”, que a religião, a filosofia, a educação ou a tradição possam ter-nos transmitido” (POPPER 1999 p.111).

Com a linha de interpretação imediatista, precipitada sobre o mundo, a partir da natureza, Bacon, resulta na conquista da sociedade científica dominante, tornando-se influente até nossos dias. Embora Bacon, tenha considerado “Conhecimento é poder” e tenha previsto a nova era industrial, (era da ciência e da tecnologia), ao considerar que “graças a ciência, os homens encontrariam a libertação da miséria e da pobreza”, também provocou em outros pensadores novas especulações para negar o observacionismo. Karl Popper considera como resultado da revolução einsteiniana a questão da falibilidade das teorias. Afirma Popper (1999 p.119) que “a moderna visão da ciência – a concepção de que as teorias científicas são essencialmente hipotéticas ou conjecturais e a de que nunca podemos ter a certeza de que até mesmo a mais bem fundamentada teoria não possa ser derrubada e substituída por uma aproximação melhor – é, creio, o resultado da revolução einsteiniana.

“Toda teoria tem que ser refutável, é o princípio da testabilidade. A crítica esta ligada a idéia de testar ( POPPER. 1999 p.123 ).” Para fundamentar a sua crítica, Popper enumera argumentações (teses) contra o observacionismo de Bacon, através de um desenvolvimento lógico, tendo como objeto o conhecimento científico. Nas abordagens desenvolve a idéia que “todo o conhecimento científico é hipotético e conjectural” e que “o aumento do conhecimento e do conhecimento científico em particular, consiste em aprendermos com os nossos erros. Propondo novas teorias pela discussão e exame crítico das nossas próprias teorias. Através de argumentos experimentais - a abordagem crítica – objetividade científica.

Em pontos importantes podemos mencionar que ao refutar nossas próprias teorias – impor-nos disciplina, estaremos aproximando da objetividade científica. E cabe a universalidade e democratização do conhecimento para quebrar o autoritarismo das ciências. De acordo com Popper, (1999 p.122) “Não é a objetividade ou o desprendimento do cientista individual, mas da própria ciência (cooperação amigável-hostil dos cientistas – disponibilidade para a crítica mútua) que constitui a objetividade.” O papel na ciência pelas teorias, hipóteses ou conjecturas torna importante a distinção entre teorias passiveis de serem testadas (ou falsificáveis) e não-testáveis (ou não-falsificáveis).

Em resumo, Popper (1999. p.129) argumenta que a tensão entre o nosso conhecimento e não-conhecimento, gera um aumento cognitivo. Considera que a teoria do conhecimento é um paradoxo entre o choque entre as duas teses: o nosso vasto conhecimento, sobre as sociedades humanas e a nossa ignorância que não tem limites. Popper propõe uma metodologia crítica: enfrentar o objeto – problema, tentar resolvê-lo e levantar hipóteses e conjecturar uma teoria, conduzir para tentativas e erros, criticar as soluções experimentais. Assim considera que aproximará da verdade, da solução, do objeto, ampliando o conhecimento científico, ao aprender com os próprios erros. Popper critica a linguagem do conhecimento das idéias observacionistas de Bacon que propõe a auto-emancipação pelo conhecimento. Segundo Francis Bacon: “o homem pode libertar se através do conhecimento – que pode libertar a sua mente dos preconceitos e do provincianismo.” (POPPER 1999 p.139)

Popper reivindica simplicidade e clareza, para evitar o perigo da especialização estreita, ao comentar criticamente o circulo fechado da ciência, “uma sociedade aberta e uma democracia não podem florescer se a ciência se tornar posse exclusiva de um conjunto fechado de especialistas (POPPER 1999. p.140).” Considerações conforme a análise do texto de POPPER, Karl (1999) O Mito do Contexto. In Ciência: Problemas, Objetivos, Responsabilidades.
Artigo de Armando Mecenas.

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