A LÓGICA DO SABER E NÃO-SABER
A origem do conhecimento científico de acordo com Popper, “o conhecimento começa com a tensão entre o saber e o não-saber”. Estamos frente a descoberta de uma contradição, entre o suposto saber e suposta realidade. Na perspectiva lógica conclui o autor que “Não há problema sem saber – não há problema sem não-saber.” Contra a teoria observacionista de Bacon, Popper explica que:
“o problema é o ponto de partida, a observação só é ponto de partida quando detecta um problema. As observações só são geradoras de problemas quando contrariam as nossas expectativas conscientes ou inconscientes”. (POPPER. 1992 p.73)
Os problemas práticos conduzem a reflexões, teorizações e a problemas de natureza teórica. A ciência utiliza-se de metodologias para aproximar da verdade, para solução de um problema. Os problemas geram conhecimentos. E estes sujeitos a controle rigoroso da crítica, desenvolvendo o “aperfeiçoamento crítico do método do ensaio e erro (Trial and error). (POPPER. 1992 p.72)
Nenhuma teoria esta isenta de crítica e quando resiste a crítica, é aceita provisoriamente, por mérito. Para Popper, a tentativa de refutação mostra a objetividade da ciência e objetividade do método crítico na busca de solução frente ao problema-objeto, gerando a produção de conhecimentos. (POPPER. 1992 p.73)
A tensão dos problemas (entre o saber e não-saber) conduz ao problema e, a tentativa de solução ao resistir às críticas mais severas chega-se a solução provisórias. Em relação aos problemas das generalizações e elaboração de teorias, as soluções e a própria metodologia também estão sujeitas ao rigor da crítica. O método baconiano (“naturalismo incorreto”) ainda continuam influenciando, promovendo o obscurecimento das soluções e alargando a distância da objetividade científica.
A teoria científica reúne problemas e tentativas de solução, Popper faz a critica ao relativismo histórico e sociológico porque foca a objetividade científica através da sociologia do conhecimento. A Sociologia do Conhecimento explica a não-objetividade a partir da posição social dos cientistas. Para solucionar problemas de caráter teórico científico, a ciência também enfrenta desafios com as tradições científicas, que se atem ao jogo de competição entre cientistas, instituições, poder e etc. De acordo com Popper, (1992 p.79) o que é importante para a ciência é o caráter de distinção entre os interesses científicos pela verdade.
“Não podemos despojar o cientista do seu partidarismo, sob pena de o despojarmos também de sua humanidade. Do mesmo modo, também não podemos vedar-lhe nem aniquilar as suas valorações, sob pena de o aniquilarmos como homem e como cientista”. (POPPER. 1992 p.79)
Para Popper (1992 p.78) “é impossível dissociar esses interesses extra-científicos da investigação científica, inviável de dissociá-los da investigação das ciências naturais e sociais.” De acordo com Popper, (1992. p.80) “Nas ciências trabalhamos com teorias, sistemas dedutivos.” Desta forma a estrutura das ciências se organizam, promovendo a produção do conhecimento, apresentando soluções aos problemas e ao mesmo tempo realizando a crítica rigorosa para enfrentar fenômenos e superar obstáculos. A ciência instituiu metodologias que obedecem a lógica para realizar no campo prático e teórico as experimentações concretas dos problemas. E através de várias metodologias, realizar a multiplicação das informações, de acordo com Popper (1992 p.80):
“A função mais importante da lógica pura e dedutiva é a de organon da crítica. O esquema lógico de toda explicação consiste num silogismo lógico e dedutivo, cujas premissas são constituídas pela teoria e pelos pressupostos e de que o explicandum é a conclusão.”
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