segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A LÓGICA DO SABER E NÃO-SABER


A LÓGICA DO SABER E NÃO-SABER

O formato do desenvolvimento do texto de Popper “A lógica das Ciências Sociais”, é uma exposição prática da construção lógica do conhecimento. Com a abordagem em forma de teses, Popper apresenta o “antagonismo entre o saber e não-saber e a ilimitação da ignorância. Com a tensão da relação saber e não-saber, abre o debate sobre a origem do conhecimento, - observações – problemas, afirma que “A ciência e o conhecimento não partem de percepções, de observações nem de dados ou fatos, mas sim de problemas. Sem problemas não há saber, como não há problemas sem saber”. (POPPER. 1992 p. 72)

A origem do conhecimento científico de acordo com Popper, “o conhecimento começa com a tensão entre o saber e o não-saber”. Estamos frente a descoberta de uma contradição, entre o suposto saber e suposta realidade. Na perspectiva lógica conclui o autor que “Não há problema sem saber – não há problema sem não-saber.” Contra a teoria observacionista de Bacon, Popper explica que:

o problema é o ponto de partida, a observação só é ponto de partida quando detecta um problema. As observações só são geradoras de problemas quando contrariam as nossas expectativas conscientes ou inconscientes”. (POPPER. 1992 p.73)

Os problemas práticos conduzem a reflexões, teorizações e a problemas de natureza teórica. A ciência utiliza-se de metodologias para aproximar da verdade, para solução de um problema. Os problemas geram conhecimentos. E estes sujeitos a controle rigoroso da crítica, desenvolvendo o “aperfeiçoamento crítico do método do ensaio e erro (Trial and error). (POPPER. 1992 p.72)

Nenhuma teoria esta isenta de crítica e quando resiste a crítica, é aceita provisoriamente, por mérito. Para Popper, a tentativa de refutação mostra a objetividade da ciência e objetividade do método crítico na busca de solução frente ao problema-objeto, gerando a produção de conhecimentos. (POPPER. 1992 p.73)

A tensão dos problemas (entre o saber e não-saber) conduz ao problema e, a tentativa de solução ao resistir às críticas mais severas chega-se a solução provisórias. Em relação aos problemas das generalizações e elaboração de teorias, as soluções e a própria metodologia também estão sujeitas ao rigor da crítica. O método baconiano (“naturalismo incorreto”) ainda continuam influenciando, promovendo o obscurecimento das soluções e alargando a distância da objetividade científica.

A teoria científica reúne problemas e tentativas de solução, Popper faz a critica ao relativismo histórico e sociológico porque foca a objetividade científica através da sociologia do conhecimento. A Sociologia do Conhecimento explica a não-objetividade a partir da posição social dos cientistas. Para solucionar problemas de caráter teórico científico, a ciência também enfrenta desafios com as tradições científicas, que se atem ao jogo de competição entre cientistas, instituições, poder e etc. De acordo com Popper, (1992 p.79) o que é importante para a ciência é o caráter de distinção entre os interesses científicos pela verdade.

“Não podemos despojar o cientista do seu partidarismo, sob pena de o despojarmos também de sua humanidade. Do mesmo modo, também não podemos vedar-lhe nem aniquilar as suas valorações, sob pena de o aniquilarmos como homem e como cientista”. (POPPER. 1992 p.79)

Para Popper (1992 p.78) “é impossível dissociar esses interesses extra-científicos da investigação científica, inviável de dissociá-los da investigação das ciências naturais e sociais.” De acordo com Popper, (1992. p.80) “Nas ciências trabalhamos com teorias, sistemas dedutivos.” Desta forma a estrutura das ciências se organizam, promovendo a produção do conhecimento, apresentando soluções aos problemas e ao mesmo tempo realizando a crítica rigorosa para enfrentar fenômenos e superar obstáculos. A ciência instituiu metodologias que obedecem a lógica para realizar no campo prático e teórico as experimentações concretas dos problemas. E através de várias metodologias, realizar a multiplicação das informações, de acordo com Popper (1992 p.80):

“A função mais importante da lógica pura e dedutiva é a de organon da crítica. O esquema lógico de toda explicação consiste num silogismo lógico e dedutivo, cujas premissas são constituídas pela teoria e pelos pressupostos e de que o explicandum é a conclusão.”

A lógica situacional supõe o mundo de indivíduos e instituições sociais, que tentam respostas para as questões da sociedade. Conforme a tese de Popper (1992 p.85) “As instituições não agem, mas apenas os indivíduos nas ou para as instituições.” Cabe aos indivíduos construir um mundo melhor através da busca do conhecimento. Análise do texto de POPPER, Karl (1992) A lógica das Ciências Sociais. In Em busca de um mundo melhor. Artigo de Armando Mecenas.

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