segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A DISTINÇÃO DE ERROS


A DISTINÇÃO DE ERROS

Para formação do espírito ou conhecimento científico é fundamental aceitar o fim das certezas, distinguir os objetos contrários e admitir que não há verdade sem erro retificado. Para chegarmos a objetividade científica, “é preciso, aceitar uma ruptura entre o conhecimento sensível e o conhecimento científico” (BACHELARD, 1996 p.294). A dualidade universo e espírito, através da Psicologia do controle objetivo constata-se que a ciência do solitário é qualitativa e a ciência socializada é quantitativa. (BACHELARD, 1996. p.294, p.297, p.293).

É fundamental tomar consciência de lições de objetividade, com o fim das certezas particulares e gerais. Para estarmos iluminados pelo conhecimento objetivo, temos que dispor de “uma doutrina dos erros normais, que ajudará a distinguir, erro positivo, erro normal, erro útil. Ao longo de uma linha de objetividade, é preciso dispor a série dos erros comuns e normais“. (BACHELARD, 1996. p.298). Através de um processo de retificação discursiva, para que a ciência objetiva seja educadora e o ensino seja socialmente ativo. De acordo com a reflexão de Bachelard (1996. p.300):

“O princípio fundamental da atitude objetiva é – quem é ensinado deve ensinar. Quem recebe instrução e não transmite terá um espírito formado sem dinamismo nem autocrítica.”

A questão é saber se ao distinguir os erros, os objetos cessam as contradições ou independem do conhecimento objetivo para desencadear efetivas transformações no processo de construção do conhecimento? Para iniciar o debate, a resposta não esta propriamente na distinção dos erros, a aproximação da verdade, também não se refere de forma apenas no campo sensível, de pôr fim as contradições. Surge a necessidade de uma psicanálise da utopia escolar, para promover um processo de estudos da dualidade psicológica da atitude racionalista e empírica. Um processo criativo e fundamental para o conhecimento objetivo é a reflexão entre assertórico (afirmativo) para o apódictico (demonstrável) (BACHELARD, 1996. p.302). Acredito que só alcançado pelo desenvolvimento de um processo crítico.

Conforme o pensamento de Gaston Bachelard (1996. p.304), “É preciso também inquietar a razão e desfazer os hábitos do conhecimento objetivo.” Através da história cientifica, propiciar ao aluno a capacidade de inventar, descobrir que o conhecimento é uma atitude intelectual. A objetividade psicologicamente, na complexidade do conhecimento científico tem que vencer resistências tais como “Alegria suprema de oscilar entre a extroversão e a introversão, na mente liberada psicanaliticamente das duas escravidões – a do sujeito e a do objeto!.”

A complexidade da necessidade da sociedade na produção de conhecimento na escola moderna, gera antagonismos, cria amarras, condicionantes incomensuráveis na construção do pensamento cientifico. Para satisfazer com respostas a esta sociedade efêmera, nasce o fenômeno da transferência de valores do sujeito para o objeto, tornando o espírito do conhecimento cientifico imediato e contraditório. É construindo a distinção dos contrários, vida e espírito, que a psicanálise do espírito científico faz a ruptura da solidariedade do espírito com os interesses vitais. Tal como descreve Bachelard, “o que serve a vida imobiliza-o. O que serve ao espírito põe-no em movimento”, argumenta. (BACHELARD, 1996 p.307). A psicanálise do pensamento científico leva à idéias em que as reflexões do espírito suplanta-os pela vida, porque o que é útil para o espírito, será útil para a vida, conclui Bachelard (1996. p.308). Observações e análises sobre o texto de GASTON BACHELARD - A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO CIENTÍFICO –, nos itens I , II e III do Capítulo XII – Objetividade Científica e Psicanálise.
Artigo de Armando Mecenas.

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