sábado, 17 de outubro de 2009

A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO CIENTÍFICO


REFLEXÕES SOBRE O LIVRO
A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO CIENTÍFICO – GASTON BACHELARD
ANALISNADO O Capítulo XII – Objetividade Científica e Psicanálise (I, II e III.)

O conhecimento científico pode ter como ponto de partida o conhecimento sensível. Entretanto, o conhecimento sensível só determina um falso ponto de partida, uma direção errônea. O espírito científico vence os obstáculos epistemológicos e constitui um conjunto de erros retificados. Não há verdade sem erro retificado. Para chegarmos a objetividade científica, “é preciso, aceitar uma ruptura entre o conhecimento sensível e o conhecimento científico” (BACHELARD, 1996). O objeto concreto – como valor – envolve o ser sensível – é a satisfação íntima; não é a evidencia racional. O estímulo formula a primeira objetividade. E o objeto ainda não corresponde a um estado de espírito científico (BACHELARD, 1996. p.294).

Considero que é evidente a dualidade universo e espírito, através da Psicologia do controle objetivo, constata-se que a ciência do solitário é qualitativa e a ciência socializada é quantitativa, em ambas podem apresentar históricos de erros retificados para reunir uma doutrina do conhecimento do objeto (BACHELARD, 1996. p.294, p.297, p.293).

É fundamental tomar consciência de lições de objetividade, com o fim das certezas particulares e gerais. Para estarmos iluminados pelo conhecimento objetivo, temos que dispor de “uma doutrina dos erros normais, que ajudará a distinguir, erro positivo, erro normal, erro útil. Ao longo de uma linha de objetividade, é preciso dispor a série dos erros comuns e normais“ (BACHELARD, 1996. p.298). Através de um processo de retificação discursiva, para que a ciência objetiva seja educadora e o ensino seja socialmente ativo. De acordo com a reflexão de Bachelard (1996. p.300) “O princípio fundamental da atitude objetiva é – quem é ensinado deve ensinar. Quem recebe instrução e não transmite terá um espírito formado sem dinamismo nem autocrítica.”

Para aproximar-nos de um conhecimento objetivo, na perspectiva de uma dialética do real e do geral, surge a necessidade de uma psicanálise da utopia escolar, para promover um processo de estudos da dualidade psicológica da atitude racionalista e empírica. Também do Processo criativo e fundamental para o conhecimento objetivo, para confronto de resistência e incompreensão, impulso e autoridade, assertórico (afirmativo) para o apódictico (demonstrável) (BACHELARD, 1996. p.302).

Conforme pensamento de Bachelard (1996. p.304), considerando que “erro, não és um mal”, “é preciso, pois, evitar o desgaste das verdades racionais que têm tendência a perder a apodicticidade e a tornar-se hábitos intelectuais. É preciso também inquietar a razão e desfazer os hábitos do conhecimento objetivo.”

Através da história cientifica, propiciar ao aluno a capacidade de inventar, descobrir que o conhecimento é uma atitude intelectual. A objetividade psicologicamente, no complexo do conhecimento científico tem que vencer resistências tais como “Alegria suprema de oscilar entre a extroversão e a introversão, na mente liberada psicanaliticamente das duas escravidões – a do sujeito e a do objeto!” (BACHELARD, 1996. p.304). E para a História do Conhecimento Científico, o conhecimento objetivo nunca estará terminado, sempre haverá “fluxo e refluxo do empirismo e do racionalismo“ (BACHELARD, 1996. p.302).

A doutrina do interesse se estabelece ao unir dois contrários, vida e espírito. É construindo a distinção dos contrários, que a psicanálise do espírito científico faz a ruptura da solidariedade do espírito com os interesses vitais. Tal como descreve Bachelard, “o que serve a vida imobiliza-o. O que serve ao espírito põe-no em movimento”, argumenta. Primeiramente é necessário uma reflexão sobre o pensamento científico moderno, que seja resistente à primeira reflexão, que acredita-se com erros retificáveis.

Para Bachelard (1996) as sociedades modernas não integraram a ciência na cultura geral. E “a ciência contemporânea é cada vez mais uma reflexão sobre a reflexão” (1996 p.307), conforme o autor afirma “parece que, no Sec. XX, um pensamento científico é contra as sensações e, que se deva construir uma teoria do objetivo contra o objeto.”

A psicanálise do pensamento científico levam à idéias cientificas e em discussão o cérebro, que já não é considerado instrumento absoluto do pensamento científico (BACHELARD, 1996. p.308). O interesse pelas reflexões do espírito suplanta os pela vida, porque o que é útil para o espírito, será útil para a vida, conclui Bachelard (1996.p.308). Artigo de ARMANDO MECENAS