segunda-feira, 2 de novembro de 2009

EPISTEMOLOGIA - INTRODUÇÃO A LÓGICA DAS CIÊNCIAS, UMA REFLEXÃO SOBRE O PENSAMENTO CIENTÍFICO


EPISTEMOLOGIA - INTRODUÇÃO A LÓGICA DAS CIÊNCIAS, UMA REFLEXÃO SOBRE O PENSAMENTO CIENTÍFICO - CONCLUSÃO.

Popper abre o debate sobre o “antagonismo do conhecimento e ignorância, a tensão da relação saber e não-saber”. Faz distinção entre a origem do conhecimento, – observações – problemas. Com os saberes democratizados, acredito que a apropriação do conhecimento transforma a teoria científica em patrimônio da sociedade. A apropriação dos saberes não ocorre apenas com a produção do conhecimento científico por especialistas, é um fenômeno complexo que requer um debate aprofundado e especializado na busca de meios de construção da ciência, do conhecimento e da Escola que desejamos. A construção de uma ideologia crítica que seja voltada para a humanidade, objeto concreto do conhecimento. A ciência parte do problema para a solução, origem do conhecimento cientifico esta na tensão entre o saber e o não-saber, o que gera a descoberta do saber e suposta realidade, segundo Popper.

Popper critica a metodologia observacionista de Bacon e nos alerta que não há teoria isenta de crítica. A refutação de uma teoria indica a objetividade das ciências e objetividade do método crítico para a solução de “problemas”. E mesmo que provisoriamente, esta teoria gera novos conhecimentos ao resistir às críticas. (POPPER. 1992 p.73)

Karl Popper (1992 p.77) também considera errado a objetividade da ciência de estar dependente da objetividade do cientista, é a critica ao relativismo histórico e sociológico. A posição social ou ideológica do investigador é insignificante porque “a objetividade cientifica encontra-se na tradição crítica, permite muitas vezes criticar um dogma dominante”, e argumenta ainda Popper:

“a objetividade da ciência não é uma questão individual dos diversos cientistas, mas antes uma questão social da crítica recíproca, da divisão de trabalho, amistoso-hostil, dos cientistas, da sua colaboração mas também das guerras entre si. “ (1992 p.78)

Mesmo com os desafios das tradições científicas, para Popper, (1992 p.79) o que é importante para a ciência é o caráter de distinção entre os interesses científicos pela verdade. Embora para o autor seja impossível dissociar dos interesses extra-cientificos. Observo que há um abismo, o que impulsiona a investigação científica é o paradoxo do caráter cientifico dos problemas, teórico ou prático, têm no seu objeto o paradoxo da objetividade. Cabe também ao conjunto da sociedade se apropriar dos conhecimentos e trazê-los de modo prático para a humanidade. Neste ponto a Escola é o caminho para a apropriação do conhecimento, importante na busca da distinção da verdade e da relevância. Neste aspecto a tecnologia é uma das ferramentas de apoio na apropriação de conhecimentos. Uma observação clara a respeito da critica a abordagem metodológica do naturalismo, em que equivocado, Bacon inicia com observações e medidas, coleta de dados estatísticos, indução a generalizações e a formação de teorias. Considera que é errônea, ao declarar que se aproxima do ideal da objetividade cientifica, “uma ciência objetiva deve ser isenta de valores”, comenta Popper (1978. P.17) na tradução de Apio Claúdio Muniz Acquarone Filho (*).

De acordo com Popper (1992. p.80) a estrutura das ciências se organizam, através de metodologias realiza a multiplicação das informações: “premissas de que o explicandum é a conclusão.”

A lógica situacional supõe o mundo físico dotado de outros indivíduos e de instituições sociais, constituídas de realidades sociais que correspondem aos seus objetos. Por conseguinte, há respostas que tentam atender as questões da sociedade. Conforme a tese de Popper (1992 p.85)

As instituições não agem, mas apenas os indivíduos nas ou para as instituições. A lógica situacional destas ações constituiria a teoria das quase-ações das instituições.

Concluímos que cabe aos cientistas, aos homens em geral a solução dos problemas, na busca por teorias que satisfaçam e dominem a lógica do conhecimento para que as transformações propostas sejam implantadas para a humanidade de forma prática, democrática, e enriquecedora.

O processo de retificação discursiva busca uma metodologia de formação que ultrapasse as fronteiras do conhecimento particular e restrito aos detentores do “poder do conhecimento cientifico”. O que proponho é de acordo com a reflexão de Bachelard (1996. p.300):

“O princípio fundamental da atitude objetiva é – quem é ensinado deve ensinar. Quem recebe instrução e não transmite terá um espírito formado sem dinamismo nem autocrítica.”

Nesta lógica, estaremos respeitando o saber, consciente que uma nova metodologia, com a aplicação para a sociedade. Isto se faz necessário para que a “escola”, enquanto local de conhecimentos possa colaborar na construção ou formação do espírito científico. Este novo espaço ideal promoverá a pesquisa, o prazer da descoberta do conhecimento, através do exercício do “apreender a aprender”.

Através de uma transformação da metodologia, no campo prático a Escola tem a oportunidade de através das novas tecnologias, proporcionar a descoberta de novos conhecimentos e através destes estimular os talentos participantes do processo multiplicar seus conhecimentos para outros, seja na esfera escolar, cultural ou comunitária. Quanto a distinção dos erros para alcançar a objetividade é através do processo crítico que leva a aproximação da verdade. A construção do conhecimento esta mais próxima da metodologia empregada inspirada pela lógica de um pensamento crítico, não imediatista. A atitude multiplicadora do conhecimento, não garante a formação do espírito científico. O processo de formação do indivíduo é continuo e permanente, inicia ao nascer, ao tomar conhecimento sobre as relações da vida, suas reflexões permanecem em eterna transformação, vivenciando diversas contradições dos objetos. Descreve Bachelard (1996) sobre a ruptura entre vida e espírito, “o que serve a vida imobiliza-o. O que serve ao espírito põe-no em movimento”. Para Bachelard (1996) as sociedades modernas não integraram a ciência na cultura geral. E “a ciência contemporânea é cada vez mais uma reflexão sobre a reflexão” e, que “se deva construir uma teoria do objetivo contra o objeto. (BACHELARD, 1996 p.307).

Ao considerar que na sociedade contemporânea a ciência não esta integrada, admitimos que nossas escolas não estão cumprindo o papel de construção do conhecimento. Os alunos, segundo o texto de Bachelard necessitam de uma psicanálise do pensamento cientifico. Entretanto, esta psicanálise conduz à idéias com base nas reflexões que será suplantado pela vida, porque o que é útil para o espírito, será útil para a vida, conclui Bachelard (1996. p.308).

As novas tecnologias enquanto ferramentas do conhecimento podem enriquecer o debate, na medida em que elas também são resultado do saber científico. Em especial, considero que a atuação dos alunos no processo de descoberta do conhecimento científico através das ferramentas tecnológicas gera a oportunidade de envolvimento, integrar a ciência a escola, indiretamente também a sociedade a cultura científica. A produção audiovisual, através de suas complexas e múltiplas atividades e conhecimentos pode promover um interesse e despertar os espírito para formação cientifica. No campo prático o levantamento de reflexões através de criação de imagens, áudios, vídeos, pesquisas, entrevistas, textos, interatividades, troca de mensagens, publicações em websites, webforum, entre outros meios disponíveis gratuitos ou não.

É preciso um processo de retificação dos erros, através da quebra de preconceitos, uma ação educadora do espírito cientifico em conformidade com a contemporaneidade da sociedade. Os indivíduos desfrutam de bens que foram criados a partir de grandes esforços do conhecimento cientifico, tanto em tempo quanto em investimentos econômicos e capital intelectual. O desenvolvimento critico do atual estagio social, ainda não desperta nos indivíduos a capacidade de consciência do processo de produção do conhecimento em que esta inserido. Será preciso reinventar uma escola, para transformar a sociedade, admitindo que reinventar a sociedade para transformar a escola. E assim formar o espírito científico.

Popper faz a critica as idéias da teoria de Bacon, que considera “preconceitos, o pensamento teórico científico. (POPPER 1999 p.111). A partir da observação da natureza, Francis Bacon, influencia até hoje o pensamento científico, mas provocou também muitos pensadores com novas teorias contra o observacionismo. Reafirmando a dialética de que “conhecimento é poder.” Karl Popper (1999 p.119) levanta a questão da falibilidade das teorias, visto que são. formuladas por hipóteses ou conjecturas e a certeza de que pode ser refutada”.

Quando buscamos a solução para um objeto problema, deparamos com a possibilidade de conjecturar uma solução passível de crítica. Quando formulamos uma teoria, ela passa pelo princípio da testabilidade. Para fundamentar a tanto a solução quanto a crítica. No desenvolvimento lógico do conhecimento científico abordagem consiste na descoberta a partir de uma hipótese em confronto do problema. Popper considera que o nosso conhecimento amplia quando aprendemos com os nossos próprios erros. Para este argumento devemos propor idéias de soluções do problema, promover uma teoria, hipotético e conjectural, e através da discussão, da crítica das abordagem crítica, poderemos aproximar da objetividade científica, da solução do problema. Entretanto temos que refutar as teorias, democratiza o conhecimento.

Para conquistarmos o desenvolvimento do conhecimento cientifico, de acordo com Popper, (1999 p.122) é preciso que as teorias e as críticas, hipóteses ou conjecturas estejam passiveis de serem testadas (ou falsificáveis), distinguindo-as das não-testáveis (ou não-falsificáveis). A tensão entre o nosso conhecimento e não-conhecimento, saber não-saber, é um paradoxo, o qual impulsiona a produção do conhecimento. A complexidade da sociedade moderna nos impõe desafios que comprometem a qualidade humana da vida. Para compreender e enfrentá-los, podemos dispor de modo prático, como nos indica Popper, que “a única maneira de chegarmos a conhecer um problema é aprender com os nossos erros.” (POPPER. 1999. p.129)

Além da argumentação crítica, Popper propõe uma metodologia para enfrentar o objeto – problema. Através desta metodologia, que consiste em: identificar o problema, tentar resolvê-lo e propor uma teoria. Neste ponto estamos conduzindo para tentativas e erros. E aprender com os erros e através da reflexão crítica diante das soluções experimentais. (POPPER 1999 p.130)

No campo do conhecimento, Popper apresenta o método cientifico: primeiro deparar com o problema, tentar resolvê-lo, propor uma teoria. Aprender com os erros, especialmente aqueles indicados pelas críticas das nossas soluções experimentais. Conforme o autor, a discussão conduz a novo problema (1999 p.130), o que poderá aproximar da solução, utilizado o método “Problemas - Teorias – Críticas.” Para tentar uma solução teórica para o objeto-problema, “ampliar e integrar o conhecimento a cultura da sociedade, acredito que a metodologia esta no uso criativo das novas tecnologias para juntos descobrir e produzir o conhecimento, como um paralelo na produção audiovisual, em que o aluno pesquisa, se enriquece sobre os saberes adquiridos, transforma em novas linguagens e decodifica em novas criações ofertando a rede integradas, ampliando para novos conhecimentos, de uma forma participativa e colaborativa, tanto na interatividade virtual e tecnológica quanto na interatividade humana, real, na solução de problemas, criticas e formulação de teorias e pensamentos científicos.

A responsabilidade humana e social, tanto de cientistas como das instituições cientificas não proporcionam nenhuma emancipação ao homem moderno. O conhecimento acumulado nos tempos atuais mantém a humanidade dependente das estruturas e superestruturas. A democratização do conhecimento, do ponto de vista científico não está aberta à sociedade. O acesso aos meios de produção de conhecimentos, como também implantação das soluções diante dos objetos-problemas, estão ainda distantes da sociedade. E estão mais próximas das soluções econômicas de grupos de interesse do que de instituições ideológicas. Considerando o paradoxo, dos interesse ideológicos econômicos e interesses políticos humanitários. Este confronto pode não atender ao ideal filosófico, mas proporcionará um aumento significativo do conhecimento cientifico, mesmo que ainda não tenhamos a sociedade ou escola democrática ideal na construção do saber. Estaremos sempre críticos para com a sociedade que produz um conhecimento cientifico que nos transforma em escravos modernos da própria sociedade.

Artigo de Armando Mecenas.

PROBLEMAS, TEORIAS E CRÍTICAS


PROBLEMAS, TEORIAS E CRÍTICAS

A humanidade ocidental contemporânea de um modo geral, sob o aspecto filosófico ainda esta influenciada pelas idéias da teoria de Bacon, em resumo, que substituiu “o determinismo teológico pelo determinismo ciêntífico” (POPPER 1999 p.110). Considerando que as conclusões precipitadas, promoveram especulações teorizantes, criando, o que poderíamos chamar de “método das antecipações da mente - preconceitos”. Francis Bacon, considerado o profeta da religião secularizada da ciência, desenvolveu o observacionismo, a partir da especulação empírica da Natureza, contra o pensamento teórico científico. Apoiado pelo dogma da “observação e especulação teorizante”, catequiza idéias de que “devemos purificar as nossas mentes de todos os preconceitos, de todas as idéias pré-concebidas, de todas as teorias – de todas essas supertições, ou “ídolos”, que a religião, a filosofia, a educação ou a tradição possam ter-nos transmitido” (POPPER 1999 p.111).

Com a linha de interpretação imediatista, precipitada sobre o mundo, a partir da natureza, Bacon, resulta na conquista da sociedade científica dominante, tornando-se influente até nossos dias. Embora Bacon, tenha considerado “Conhecimento é poder” e tenha previsto a nova era industrial, (era da ciência e da tecnologia), ao considerar que “graças a ciência, os homens encontrariam a libertação da miséria e da pobreza”, também provocou em outros pensadores novas especulações para negar o observacionismo. Karl Popper considera como resultado da revolução einsteiniana a questão da falibilidade das teorias. Afirma Popper (1999 p.119) que “a moderna visão da ciência – a concepção de que as teorias científicas são essencialmente hipotéticas ou conjecturais e a de que nunca podemos ter a certeza de que até mesmo a mais bem fundamentada teoria não possa ser derrubada e substituída por uma aproximação melhor – é, creio, o resultado da revolução einsteiniana.

“Toda teoria tem que ser refutável, é o princípio da testabilidade. A crítica esta ligada a idéia de testar ( POPPER. 1999 p.123 ).” Para fundamentar a sua crítica, Popper enumera argumentações (teses) contra o observacionismo de Bacon, através de um desenvolvimento lógico, tendo como objeto o conhecimento científico. Nas abordagens desenvolve a idéia que “todo o conhecimento científico é hipotético e conjectural” e que “o aumento do conhecimento e do conhecimento científico em particular, consiste em aprendermos com os nossos erros. Propondo novas teorias pela discussão e exame crítico das nossas próprias teorias. Através de argumentos experimentais - a abordagem crítica – objetividade científica.

Em pontos importantes podemos mencionar que ao refutar nossas próprias teorias – impor-nos disciplina, estaremos aproximando da objetividade científica. E cabe a universalidade e democratização do conhecimento para quebrar o autoritarismo das ciências. De acordo com Popper, (1999 p.122) “Não é a objetividade ou o desprendimento do cientista individual, mas da própria ciência (cooperação amigável-hostil dos cientistas – disponibilidade para a crítica mútua) que constitui a objetividade.” O papel na ciência pelas teorias, hipóteses ou conjecturas torna importante a distinção entre teorias passiveis de serem testadas (ou falsificáveis) e não-testáveis (ou não-falsificáveis).

Em resumo, Popper (1999. p.129) argumenta que a tensão entre o nosso conhecimento e não-conhecimento, gera um aumento cognitivo. Considera que a teoria do conhecimento é um paradoxo entre o choque entre as duas teses: o nosso vasto conhecimento, sobre as sociedades humanas e a nossa ignorância que não tem limites. Popper propõe uma metodologia crítica: enfrentar o objeto – problema, tentar resolvê-lo e levantar hipóteses e conjecturar uma teoria, conduzir para tentativas e erros, criticar as soluções experimentais. Assim considera que aproximará da verdade, da solução, do objeto, ampliando o conhecimento científico, ao aprender com os próprios erros. Popper critica a linguagem do conhecimento das idéias observacionistas de Bacon que propõe a auto-emancipação pelo conhecimento. Segundo Francis Bacon: “o homem pode libertar se através do conhecimento – que pode libertar a sua mente dos preconceitos e do provincianismo.” (POPPER 1999 p.139)

Popper reivindica simplicidade e clareza, para evitar o perigo da especialização estreita, ao comentar criticamente o circulo fechado da ciência, “uma sociedade aberta e uma democracia não podem florescer se a ciência se tornar posse exclusiva de um conjunto fechado de especialistas (POPPER 1999. p.140).” Considerações conforme a análise do texto de POPPER, Karl (1999) O Mito do Contexto. In Ciência: Problemas, Objetivos, Responsabilidades.
Artigo de Armando Mecenas.

A DISTINÇÃO DE ERROS


A DISTINÇÃO DE ERROS

Para formação do espírito ou conhecimento científico é fundamental aceitar o fim das certezas, distinguir os objetos contrários e admitir que não há verdade sem erro retificado. Para chegarmos a objetividade científica, “é preciso, aceitar uma ruptura entre o conhecimento sensível e o conhecimento científico” (BACHELARD, 1996 p.294). A dualidade universo e espírito, através da Psicologia do controle objetivo constata-se que a ciência do solitário é qualitativa e a ciência socializada é quantitativa. (BACHELARD, 1996. p.294, p.297, p.293).

É fundamental tomar consciência de lições de objetividade, com o fim das certezas particulares e gerais. Para estarmos iluminados pelo conhecimento objetivo, temos que dispor de “uma doutrina dos erros normais, que ajudará a distinguir, erro positivo, erro normal, erro útil. Ao longo de uma linha de objetividade, é preciso dispor a série dos erros comuns e normais“. (BACHELARD, 1996. p.298). Através de um processo de retificação discursiva, para que a ciência objetiva seja educadora e o ensino seja socialmente ativo. De acordo com a reflexão de Bachelard (1996. p.300):

“O princípio fundamental da atitude objetiva é – quem é ensinado deve ensinar. Quem recebe instrução e não transmite terá um espírito formado sem dinamismo nem autocrítica.”

A questão é saber se ao distinguir os erros, os objetos cessam as contradições ou independem do conhecimento objetivo para desencadear efetivas transformações no processo de construção do conhecimento? Para iniciar o debate, a resposta não esta propriamente na distinção dos erros, a aproximação da verdade, também não se refere de forma apenas no campo sensível, de pôr fim as contradições. Surge a necessidade de uma psicanálise da utopia escolar, para promover um processo de estudos da dualidade psicológica da atitude racionalista e empírica. Um processo criativo e fundamental para o conhecimento objetivo é a reflexão entre assertórico (afirmativo) para o apódictico (demonstrável) (BACHELARD, 1996. p.302). Acredito que só alcançado pelo desenvolvimento de um processo crítico.

Conforme o pensamento de Gaston Bachelard (1996. p.304), “É preciso também inquietar a razão e desfazer os hábitos do conhecimento objetivo.” Através da história cientifica, propiciar ao aluno a capacidade de inventar, descobrir que o conhecimento é uma atitude intelectual. A objetividade psicologicamente, na complexidade do conhecimento científico tem que vencer resistências tais como “Alegria suprema de oscilar entre a extroversão e a introversão, na mente liberada psicanaliticamente das duas escravidões – a do sujeito e a do objeto!.”

A complexidade da necessidade da sociedade na produção de conhecimento na escola moderna, gera antagonismos, cria amarras, condicionantes incomensuráveis na construção do pensamento cientifico. Para satisfazer com respostas a esta sociedade efêmera, nasce o fenômeno da transferência de valores do sujeito para o objeto, tornando o espírito do conhecimento cientifico imediato e contraditório. É construindo a distinção dos contrários, vida e espírito, que a psicanálise do espírito científico faz a ruptura da solidariedade do espírito com os interesses vitais. Tal como descreve Bachelard, “o que serve a vida imobiliza-o. O que serve ao espírito põe-no em movimento”, argumenta. (BACHELARD, 1996 p.307). A psicanálise do pensamento científico leva à idéias em que as reflexões do espírito suplanta-os pela vida, porque o que é útil para o espírito, será útil para a vida, conclui Bachelard (1996. p.308). Observações e análises sobre o texto de GASTON BACHELARD - A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO CIENTÍFICO –, nos itens I , II e III do Capítulo XII – Objetividade Científica e Psicanálise.
Artigo de Armando Mecenas.

A LÓGICA DO SABER E NÃO-SABER


A LÓGICA DO SABER E NÃO-SABER

O formato do desenvolvimento do texto de Popper “A lógica das Ciências Sociais”, é uma exposição prática da construção lógica do conhecimento. Com a abordagem em forma de teses, Popper apresenta o “antagonismo entre o saber e não-saber e a ilimitação da ignorância. Com a tensão da relação saber e não-saber, abre o debate sobre a origem do conhecimento, - observações – problemas, afirma que “A ciência e o conhecimento não partem de percepções, de observações nem de dados ou fatos, mas sim de problemas. Sem problemas não há saber, como não há problemas sem saber”. (POPPER. 1992 p. 72)

A origem do conhecimento científico de acordo com Popper, “o conhecimento começa com a tensão entre o saber e o não-saber”. Estamos frente a descoberta de uma contradição, entre o suposto saber e suposta realidade. Na perspectiva lógica conclui o autor que “Não há problema sem saber – não há problema sem não-saber.” Contra a teoria observacionista de Bacon, Popper explica que:

o problema é o ponto de partida, a observação só é ponto de partida quando detecta um problema. As observações só são geradoras de problemas quando contrariam as nossas expectativas conscientes ou inconscientes”. (POPPER. 1992 p.73)

Os problemas práticos conduzem a reflexões, teorizações e a problemas de natureza teórica. A ciência utiliza-se de metodologias para aproximar da verdade, para solução de um problema. Os problemas geram conhecimentos. E estes sujeitos a controle rigoroso da crítica, desenvolvendo o “aperfeiçoamento crítico do método do ensaio e erro (Trial and error). (POPPER. 1992 p.72)

Nenhuma teoria esta isenta de crítica e quando resiste a crítica, é aceita provisoriamente, por mérito. Para Popper, a tentativa de refutação mostra a objetividade da ciência e objetividade do método crítico na busca de solução frente ao problema-objeto, gerando a produção de conhecimentos. (POPPER. 1992 p.73)

A tensão dos problemas (entre o saber e não-saber) conduz ao problema e, a tentativa de solução ao resistir às críticas mais severas chega-se a solução provisórias. Em relação aos problemas das generalizações e elaboração de teorias, as soluções e a própria metodologia também estão sujeitas ao rigor da crítica. O método baconiano (“naturalismo incorreto”) ainda continuam influenciando, promovendo o obscurecimento das soluções e alargando a distância da objetividade científica.

A teoria científica reúne problemas e tentativas de solução, Popper faz a critica ao relativismo histórico e sociológico porque foca a objetividade científica através da sociologia do conhecimento. A Sociologia do Conhecimento explica a não-objetividade a partir da posição social dos cientistas. Para solucionar problemas de caráter teórico científico, a ciência também enfrenta desafios com as tradições científicas, que se atem ao jogo de competição entre cientistas, instituições, poder e etc. De acordo com Popper, (1992 p.79) o que é importante para a ciência é o caráter de distinção entre os interesses científicos pela verdade.

“Não podemos despojar o cientista do seu partidarismo, sob pena de o despojarmos também de sua humanidade. Do mesmo modo, também não podemos vedar-lhe nem aniquilar as suas valorações, sob pena de o aniquilarmos como homem e como cientista”. (POPPER. 1992 p.79)

Para Popper (1992 p.78) “é impossível dissociar esses interesses extra-científicos da investigação científica, inviável de dissociá-los da investigação das ciências naturais e sociais.” De acordo com Popper, (1992. p.80) “Nas ciências trabalhamos com teorias, sistemas dedutivos.” Desta forma a estrutura das ciências se organizam, promovendo a produção do conhecimento, apresentando soluções aos problemas e ao mesmo tempo realizando a crítica rigorosa para enfrentar fenômenos e superar obstáculos. A ciência instituiu metodologias que obedecem a lógica para realizar no campo prático e teórico as experimentações concretas dos problemas. E através de várias metodologias, realizar a multiplicação das informações, de acordo com Popper (1992 p.80):

“A função mais importante da lógica pura e dedutiva é a de organon da crítica. O esquema lógico de toda explicação consiste num silogismo lógico e dedutivo, cujas premissas são constituídas pela teoria e pelos pressupostos e de que o explicandum é a conclusão.”

A lógica situacional supõe o mundo de indivíduos e instituições sociais, que tentam respostas para as questões da sociedade. Conforme a tese de Popper (1992 p.85) “As instituições não agem, mas apenas os indivíduos nas ou para as instituições.” Cabe aos indivíduos construir um mundo melhor através da busca do conhecimento. Análise do texto de POPPER, Karl (1992) A lógica das Ciências Sociais. In Em busca de um mundo melhor. Artigo de Armando Mecenas.