segunda-feira, 2 de novembro de 2009

EPISTEMOLOGIA - INTRODUÇÃO A LÓGICA DAS CIÊNCIAS, UMA REFLEXÃO SOBRE O PENSAMENTO CIENTÍFICO


EPISTEMOLOGIA - INTRODUÇÃO A LÓGICA DAS CIÊNCIAS, UMA REFLEXÃO SOBRE O PENSAMENTO CIENTÍFICO - CONCLUSÃO.

Popper abre o debate sobre o “antagonismo do conhecimento e ignorância, a tensão da relação saber e não-saber”. Faz distinção entre a origem do conhecimento, – observações – problemas. Com os saberes democratizados, acredito que a apropriação do conhecimento transforma a teoria científica em patrimônio da sociedade. A apropriação dos saberes não ocorre apenas com a produção do conhecimento científico por especialistas, é um fenômeno complexo que requer um debate aprofundado e especializado na busca de meios de construção da ciência, do conhecimento e da Escola que desejamos. A construção de uma ideologia crítica que seja voltada para a humanidade, objeto concreto do conhecimento. A ciência parte do problema para a solução, origem do conhecimento cientifico esta na tensão entre o saber e o não-saber, o que gera a descoberta do saber e suposta realidade, segundo Popper.

Popper critica a metodologia observacionista de Bacon e nos alerta que não há teoria isenta de crítica. A refutação de uma teoria indica a objetividade das ciências e objetividade do método crítico para a solução de “problemas”. E mesmo que provisoriamente, esta teoria gera novos conhecimentos ao resistir às críticas. (POPPER. 1992 p.73)

Karl Popper (1992 p.77) também considera errado a objetividade da ciência de estar dependente da objetividade do cientista, é a critica ao relativismo histórico e sociológico. A posição social ou ideológica do investigador é insignificante porque “a objetividade cientifica encontra-se na tradição crítica, permite muitas vezes criticar um dogma dominante”, e argumenta ainda Popper:

“a objetividade da ciência não é uma questão individual dos diversos cientistas, mas antes uma questão social da crítica recíproca, da divisão de trabalho, amistoso-hostil, dos cientistas, da sua colaboração mas também das guerras entre si. “ (1992 p.78)

Mesmo com os desafios das tradições científicas, para Popper, (1992 p.79) o que é importante para a ciência é o caráter de distinção entre os interesses científicos pela verdade. Embora para o autor seja impossível dissociar dos interesses extra-cientificos. Observo que há um abismo, o que impulsiona a investigação científica é o paradoxo do caráter cientifico dos problemas, teórico ou prático, têm no seu objeto o paradoxo da objetividade. Cabe também ao conjunto da sociedade se apropriar dos conhecimentos e trazê-los de modo prático para a humanidade. Neste ponto a Escola é o caminho para a apropriação do conhecimento, importante na busca da distinção da verdade e da relevância. Neste aspecto a tecnologia é uma das ferramentas de apoio na apropriação de conhecimentos. Uma observação clara a respeito da critica a abordagem metodológica do naturalismo, em que equivocado, Bacon inicia com observações e medidas, coleta de dados estatísticos, indução a generalizações e a formação de teorias. Considera que é errônea, ao declarar que se aproxima do ideal da objetividade cientifica, “uma ciência objetiva deve ser isenta de valores”, comenta Popper (1978. P.17) na tradução de Apio Claúdio Muniz Acquarone Filho (*).

De acordo com Popper (1992. p.80) a estrutura das ciências se organizam, através de metodologias realiza a multiplicação das informações: “premissas de que o explicandum é a conclusão.”

A lógica situacional supõe o mundo físico dotado de outros indivíduos e de instituições sociais, constituídas de realidades sociais que correspondem aos seus objetos. Por conseguinte, há respostas que tentam atender as questões da sociedade. Conforme a tese de Popper (1992 p.85)

As instituições não agem, mas apenas os indivíduos nas ou para as instituições. A lógica situacional destas ações constituiria a teoria das quase-ações das instituições.

Concluímos que cabe aos cientistas, aos homens em geral a solução dos problemas, na busca por teorias que satisfaçam e dominem a lógica do conhecimento para que as transformações propostas sejam implantadas para a humanidade de forma prática, democrática, e enriquecedora.

O processo de retificação discursiva busca uma metodologia de formação que ultrapasse as fronteiras do conhecimento particular e restrito aos detentores do “poder do conhecimento cientifico”. O que proponho é de acordo com a reflexão de Bachelard (1996. p.300):

“O princípio fundamental da atitude objetiva é – quem é ensinado deve ensinar. Quem recebe instrução e não transmite terá um espírito formado sem dinamismo nem autocrítica.”

Nesta lógica, estaremos respeitando o saber, consciente que uma nova metodologia, com a aplicação para a sociedade. Isto se faz necessário para que a “escola”, enquanto local de conhecimentos possa colaborar na construção ou formação do espírito científico. Este novo espaço ideal promoverá a pesquisa, o prazer da descoberta do conhecimento, através do exercício do “apreender a aprender”.

Através de uma transformação da metodologia, no campo prático a Escola tem a oportunidade de através das novas tecnologias, proporcionar a descoberta de novos conhecimentos e através destes estimular os talentos participantes do processo multiplicar seus conhecimentos para outros, seja na esfera escolar, cultural ou comunitária. Quanto a distinção dos erros para alcançar a objetividade é através do processo crítico que leva a aproximação da verdade. A construção do conhecimento esta mais próxima da metodologia empregada inspirada pela lógica de um pensamento crítico, não imediatista. A atitude multiplicadora do conhecimento, não garante a formação do espírito científico. O processo de formação do indivíduo é continuo e permanente, inicia ao nascer, ao tomar conhecimento sobre as relações da vida, suas reflexões permanecem em eterna transformação, vivenciando diversas contradições dos objetos. Descreve Bachelard (1996) sobre a ruptura entre vida e espírito, “o que serve a vida imobiliza-o. O que serve ao espírito põe-no em movimento”. Para Bachelard (1996) as sociedades modernas não integraram a ciência na cultura geral. E “a ciência contemporânea é cada vez mais uma reflexão sobre a reflexão” e, que “se deva construir uma teoria do objetivo contra o objeto. (BACHELARD, 1996 p.307).

Ao considerar que na sociedade contemporânea a ciência não esta integrada, admitimos que nossas escolas não estão cumprindo o papel de construção do conhecimento. Os alunos, segundo o texto de Bachelard necessitam de uma psicanálise do pensamento cientifico. Entretanto, esta psicanálise conduz à idéias com base nas reflexões que será suplantado pela vida, porque o que é útil para o espírito, será útil para a vida, conclui Bachelard (1996. p.308).

As novas tecnologias enquanto ferramentas do conhecimento podem enriquecer o debate, na medida em que elas também são resultado do saber científico. Em especial, considero que a atuação dos alunos no processo de descoberta do conhecimento científico através das ferramentas tecnológicas gera a oportunidade de envolvimento, integrar a ciência a escola, indiretamente também a sociedade a cultura científica. A produção audiovisual, através de suas complexas e múltiplas atividades e conhecimentos pode promover um interesse e despertar os espírito para formação cientifica. No campo prático o levantamento de reflexões através de criação de imagens, áudios, vídeos, pesquisas, entrevistas, textos, interatividades, troca de mensagens, publicações em websites, webforum, entre outros meios disponíveis gratuitos ou não.

É preciso um processo de retificação dos erros, através da quebra de preconceitos, uma ação educadora do espírito cientifico em conformidade com a contemporaneidade da sociedade. Os indivíduos desfrutam de bens que foram criados a partir de grandes esforços do conhecimento cientifico, tanto em tempo quanto em investimentos econômicos e capital intelectual. O desenvolvimento critico do atual estagio social, ainda não desperta nos indivíduos a capacidade de consciência do processo de produção do conhecimento em que esta inserido. Será preciso reinventar uma escola, para transformar a sociedade, admitindo que reinventar a sociedade para transformar a escola. E assim formar o espírito científico.

Popper faz a critica as idéias da teoria de Bacon, que considera “preconceitos, o pensamento teórico científico. (POPPER 1999 p.111). A partir da observação da natureza, Francis Bacon, influencia até hoje o pensamento científico, mas provocou também muitos pensadores com novas teorias contra o observacionismo. Reafirmando a dialética de que “conhecimento é poder.” Karl Popper (1999 p.119) levanta a questão da falibilidade das teorias, visto que são. formuladas por hipóteses ou conjecturas e a certeza de que pode ser refutada”.

Quando buscamos a solução para um objeto problema, deparamos com a possibilidade de conjecturar uma solução passível de crítica. Quando formulamos uma teoria, ela passa pelo princípio da testabilidade. Para fundamentar a tanto a solução quanto a crítica. No desenvolvimento lógico do conhecimento científico abordagem consiste na descoberta a partir de uma hipótese em confronto do problema. Popper considera que o nosso conhecimento amplia quando aprendemos com os nossos próprios erros. Para este argumento devemos propor idéias de soluções do problema, promover uma teoria, hipotético e conjectural, e através da discussão, da crítica das abordagem crítica, poderemos aproximar da objetividade científica, da solução do problema. Entretanto temos que refutar as teorias, democratiza o conhecimento.

Para conquistarmos o desenvolvimento do conhecimento cientifico, de acordo com Popper, (1999 p.122) é preciso que as teorias e as críticas, hipóteses ou conjecturas estejam passiveis de serem testadas (ou falsificáveis), distinguindo-as das não-testáveis (ou não-falsificáveis). A tensão entre o nosso conhecimento e não-conhecimento, saber não-saber, é um paradoxo, o qual impulsiona a produção do conhecimento. A complexidade da sociedade moderna nos impõe desafios que comprometem a qualidade humana da vida. Para compreender e enfrentá-los, podemos dispor de modo prático, como nos indica Popper, que “a única maneira de chegarmos a conhecer um problema é aprender com os nossos erros.” (POPPER. 1999. p.129)

Além da argumentação crítica, Popper propõe uma metodologia para enfrentar o objeto – problema. Através desta metodologia, que consiste em: identificar o problema, tentar resolvê-lo e propor uma teoria. Neste ponto estamos conduzindo para tentativas e erros. E aprender com os erros e através da reflexão crítica diante das soluções experimentais. (POPPER 1999 p.130)

No campo do conhecimento, Popper apresenta o método cientifico: primeiro deparar com o problema, tentar resolvê-lo, propor uma teoria. Aprender com os erros, especialmente aqueles indicados pelas críticas das nossas soluções experimentais. Conforme o autor, a discussão conduz a novo problema (1999 p.130), o que poderá aproximar da solução, utilizado o método “Problemas - Teorias – Críticas.” Para tentar uma solução teórica para o objeto-problema, “ampliar e integrar o conhecimento a cultura da sociedade, acredito que a metodologia esta no uso criativo das novas tecnologias para juntos descobrir e produzir o conhecimento, como um paralelo na produção audiovisual, em que o aluno pesquisa, se enriquece sobre os saberes adquiridos, transforma em novas linguagens e decodifica em novas criações ofertando a rede integradas, ampliando para novos conhecimentos, de uma forma participativa e colaborativa, tanto na interatividade virtual e tecnológica quanto na interatividade humana, real, na solução de problemas, criticas e formulação de teorias e pensamentos científicos.

A responsabilidade humana e social, tanto de cientistas como das instituições cientificas não proporcionam nenhuma emancipação ao homem moderno. O conhecimento acumulado nos tempos atuais mantém a humanidade dependente das estruturas e superestruturas. A democratização do conhecimento, do ponto de vista científico não está aberta à sociedade. O acesso aos meios de produção de conhecimentos, como também implantação das soluções diante dos objetos-problemas, estão ainda distantes da sociedade. E estão mais próximas das soluções econômicas de grupos de interesse do que de instituições ideológicas. Considerando o paradoxo, dos interesse ideológicos econômicos e interesses políticos humanitários. Este confronto pode não atender ao ideal filosófico, mas proporcionará um aumento significativo do conhecimento cientifico, mesmo que ainda não tenhamos a sociedade ou escola democrática ideal na construção do saber. Estaremos sempre críticos para com a sociedade que produz um conhecimento cientifico que nos transforma em escravos modernos da própria sociedade.

Artigo de Armando Mecenas.

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